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INFORMALIDADE

Ambulantes de Tucuruí sofrem com queda nas vendas

Covid-19, redução do consumo, preços nas alturas, falta de grana e desemprego tem afetado trabalhadores ambulantes que passam por dificuldades

Publicado em 12/05/2021 às 04:00
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Em Tucuruí, informais como vendedores ambulantes e camelôs viram seu rendimento despencar devido ao recuo do consumo (Foto: Fotos - Leonay Freitas)

Além dos riscos de estar na lida diária durante a pandemia, a crise econômica castiga o trabalhador que está na informalidade. No Pará, conforme o Dieese, 84% dos trabalhadores domésticos não têm carteira assinada, por exemplo. O Pará é um estado onde o componente da informalidade, de 52,60%, sempre foi muito elevado, superior à informalidade brasileira, 34,20%. A pandemia, agravada e prolongada pela trágica gestão nacional da saúde, piorou um quadro socioeconômico que já não era animador.

Em Tucuruí, quem tem na informalidade seu rendimento, viu além do recuo do consumo, o aumento no custo de itens básicos a vida ficar ainda mais difícil. Com a pandemia e, consequentemente, a diminuição do fluxo de pessoas nas ruas, a renda desses trabalhadores foi afetada e, hoje, a maioria se desdobra de segunda a sábado para conseguir pagar suas contas.


O vendedor Ray fala que em mais de 20 anos de comércio de rua, nunca havia enfrentado uma fase tão difícil como esta

Tem mais de ano que trabalhadoras e trabalhadores encaram um combo-calamidade, que inclui Covid-19, preços nas alturas, falta de grana, desemprego e busca por alternativas em um mercado de trabalho cada vez mais precarizado. Essa é a realidade nacional hoje e em Tucuruí, esse combo já colaborou para encerrar as atividades de grandes e pequenos comerciantes.

A informalidade implica tipos de ocupação que não apresentam registro formal. Esses setores mais precarizados estão passando por uma situação muito grave. “Não é de hoje que os trabalhadores ambulantes passam por dificuldades, mas essa crise, realmente afetou de forma terrível os ambulantes da cidade”, declara o vendedor ambulante Ray Costa Araújo, 35 anos.

Há mais de duas décadas no mercado informal, Ray fala que nunca havia enfrentado uma fase tão difícil como esta, imposta pela pandemia. “Tem dia que quase não consigo vender nada. Estamos vivendo só por Deus mesmo. Tá muito difícil”, desabafa.

Não tá fácil

Nada na vida é fácil e para o vendedor de lanches, Raimundo Valente dos Santos, o Ney do lanche, 52 anos, não está fácil para o mundo todo. Para ele, o negócio é levar a vida como dá, um dia de cada vez, até a crise passar. “Tem dia que não vendo nada. Venho trabalhar todo dia pela necessidade, mas também porque acredito que aos poucos vamos superar essa situação. Agradecer a Deus pelo meu trabalho. Ainda tem pessoas que estão passando por situações piores que eu aqui em Tucuruí. Vivendo uma calamidade, uma tristeza”, declara.

Na crise, inovar é preciso e o vendedor de milho cozido, Jeferson Feitosa Rocha, 26 anos sofreu com a perda dos clientes. Para vender seu produto durante a pandemia, ele recorreu a tecnologia para reduzir seus prejuízos e manter as contas em dias. “Eu criei um grupo de whatsapp para que os meus clientes e amigos pudessem comprar comigo”, explica Jeferson.

Mais de um ano após o início da crise sanitária, o equilíbrio em termos sociais para a região mostra um cenário complexo. De acordo com estimativas do Fundo Monetário Internacional, a América Latina e o Caribe é a região mais atingida pela pandemia, pois sua economia se contraiu em aproximadamente 7,4% em 2020.

Esta deterioração se refletiu num aumento do desemprego, tanto formal quanto informal, o que levou a um aumento drástico da pobreza. A situação dos vendedores ambulantes em Tucuruí é o retrato fiel desses dados.

De acordo com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), quase 3 milhões de empresas fecharam durante a pandemia. Isto levou ao desemprego, que afetava 8 de cada 100 pessoas antes da crise sanitária, e em 2020 passaram a afetar quase 11.

Denis Aragão - Portal da Cidade Tucuruí

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